1 de fev. de 2017

Incerteza viva



                 Chão. Um lugar seguro, estável. Quando tem um terremoto, as pessoas abaixam. Quando tem um tiroteio, as pessoas abaixam. Um lugar onde nos sentamos pra chorar, pra conversar, onde vamos de joelhos madrugada a dentro. Sobre o mesmo, fizemos a nossa base, construímos nossas casas, nosso comércio, nossa escola, nosso hospital, arranha-céu. Asfaltamos e colocamos carros para andar em cima. Onde batemos o pé de revolta. Um lugar estável, preciso e certo. Mesmo que esteja meio sujo, seja afastado do centro, cada um de nós fez o seu "pedacinho de chão". A incerteza não seria um bom adjetivo para Chão. Mas é nesse mesmo lugar que tropeçamos, que caímos, que nos machucamos, que quando algo frágil cai, quebra - inclusive nós. O chão pode afundar, pode abrir uma cratera, pode dar lugar a um vulcão, pode causar tremores. Nada é certo, o mundo gira, a gente se segura onde pode, tentando se agarrar em alguma certeza que sempre vai embora com o vento. Incerteza viva.


                 A incerteza sempre nos coloca na beira, ali, no meio-fio, entre o ficar e o ir, falar ou não falar, tomar alguma atitude ou não. Mas na maioria das vezes, a gente não sabe lidar com a incerteza. Simplesmente não sabemos o que fazer, e assim, ficamos parados, olhando tudo ao nosso redor passar, quietos, estáticos, sem nos mover, sem falar e nem piscar. Nossos pés parecem estar fundidos com o chão. Ficando assim, parados no meio da rua - da vida. 

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